domingo, 9 de setembro de 2007

Artigo: De Rousseau a Freinet

Por:

Ayrton Cardoso Viana


Uma pedagogia que continua a dar frutos



A pedagogia formulada por pensadores como Rousseau, Decroly e Freinet, trouxeram e trazem para os momentos atuais, subsídios para uma constante transformação na educação de um modo geral, digam-se de passagem, que apesar de todos os anos decorridos do lançamento de suas teorias, muitas escolas a nível mundial ainda aplicam as suas técnicas de ensino e sua pedagogia.
Rousseau que era considerado como um filósofo pré-romântico via a educação relacionada à integração com a natureza, com pensamentos voltados para a liberdade, fraternidade e igualdade entre os seres humanos, a educação para ele era algo que levasse a criança à transformar-se, vivendo na educação as suas próprias experiências, livres e em grupos, em um ambiente favorável ao seu crescimento cognitivo e intelectual, este crescimento que parte de dentro do ser, do próprio ser humano.
O trabalho proposto por Decroly foi direcionado para crianças, à princípio com necessidades especiais, mas como Rousseau ele também via a aprendizagem da criança como algo que surgia de dentro para fora. Todavia Decroly trabalhava muito a individualidade da criança, com coisas concretas, com a liberdade de expressão, e partindo do contexto em que a mesma se encontrava inserida. Dentre os seus métodos ele via vários defeitos na educação da época e que deveriam ser sanados pra que ocorresse melhorias como: pouca coesão nas atividades propostas, divisão excessiva do ensino, exercícios não espontâneos, disciplinas desconexas com a realidade das crianças.
Já Freinet pensava em uma escola popular. Grande oposicionista que foi da escola tradicional que a considerava fechada, contrária à descoberta, ao interesse e ao prazer da criança. A sua pedagogia pregava o respeito mútuo entre professor e aluno, via o trabalho do aluno como uma atividade coletiva, e o conjunto das decisões em sala como liberdade de relações entre todos os envolvidos.
Freinet foi um crítico das metodologias propostas por Decroly, questionando seus métodos, pela definição de matérias, locais e condições especiais para a realização do trabalho pedagógico. Diferentemente do pensamento de Rousseau e Decroly, Freinet dizia que as transformações na educação deveriam partir dos próprios professores, e como os demais pensadores ele dava grande importância à participação e integração entre família, comunidade e escola.
O que pôde ser visto são fatores de grande importância para a educação atual, apesar de suas propostas pedagógicas serem um tanto quanto utópicas tudo o que eles escreveram e aplicaram não está diferente do que é aplicado atualmente das redes de ensino, principalmente na área de educação infantil.
Logicamente que as concepções por eles defendidas tais como: visão otimista demais de poder de transformação exercida pelas escolas, dimensão social dos fatores de classe, a questão racial, de sexo, cor, bem como partir daquilo que realmente interessa à criança, do contato direto com a natureza, do trabalho espontâneo, por si só não resolve o grande problema hoje existente nos setores de educação infantil.
È preciso, e com certa urgência, grande esforço de todos os envolvidos com o setor educacional, para que se possa fechar a brechas existentes, respeitando a lógica até o fim e fazer da leitura e da escrita instrumentos, como é o seu papel na vida real.


Ayrton Cardoso Viana, acadêmico do Curso de Pedagogia da UESSBA – Faculdade do Sertão

Irecê (BA) Abril de 2007.


Bibliografia utilizada

ELIAS, Marisa Del Cioppo. De Emílio a Emília – a trajetória da alfabetização. São Paulo: Scipione, 2000.

Nenhum comentário: