TÍTULO
FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO:
Estudo de caso sobre interesses propiciados durante e após o término do Curso de Pedagogia ministrado pela Faculdade do Sertão
O Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia ministrado pela Faculdade do Sertão para as turmas de 2003.2 até 2006.2 vem contribuindo para que os discentes destas turmas busquem continuar o seu processo de formação após a sua conclusão?
JUSTIFICATIVA
Formar profissionais competentes, qualificados e com diversificada bagagem teórica e prática são objetivos de todos os envolvidos com o Ensino Superior. Muito se fala da importância inadiável de se transformar informações em conhecimento, e permitir que discentes dos cursos de Pedagogia e Letras, leve para a rua, portanto, para sua vida e seu entorno os saberes que se aprende nas Academias.
A intenção quando da escolha desse tema é o de estudar o processo de produção do conhecimento diretamente como este acontece no âmbito da Faculdade, e quais as contribuições que trazem para a constante e permanente formação do profissional de educação, durante a sua estada na academia.
Neste sentido, pensar em fazer um trabalho direcionado a Formação Continuada de Professores é pensar na realidade presente na educação, e de que forma esses profissionais, situados no movimento da prática educativa, vêem sua formação, e como fazer para continuar, mesmo estando fora do contexto da faculdade.
Como muito bem afirma Oliveira (1994, p.21) (...) "formar professores com capacidade de exercer sua função docente com qualidade, dispondo de fundamentação teórica apropriada para analisar a escola diante das adversidades da relação educação x sociedade, somadas à competência técnica que facilita ao aluno a aquisição de conhecimentos sistematizados".
Este é o ideal que todo profissional de educação deve perseguir, e para que isso ocorra é preciso engajamento de todo o setor educativo na busca de planos de estudo adequados à formação cultural, pedagógica e política destes profissionais.
Com o interesse de adentrar nessa realidade, é possível considerar que a abordagem qualitativa seja a mais adequada ao desenvolvimento dessa pesquisa, pois irá proporcionar uma visualização contextualizada da realidade da faculdade pesquisada, isto porque a pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte de dados e o pesquisado como o principal instrumento na coleta de dados.
A formação continuada deve fazer com que o profissional de educação seja competente, qualificado, engajado nas lutas sociais, com capacidade para desenvolver o famoso binômio “competência técnica e consciência política.” Um profissional que perceba ser possível desenvolverem-se mecanismos de resgate da qualidade de ensino, bastando-lhe ter a compreensão de que a escola tem relativa autonomia para desenvolver um processo educacional de qualidade.
Vários são os profissionais que se debruçam no estudo da Formação Continuada de Profissionais de Educação. Uma grande parte é unânime em afirmar que uma boa formação depende principalmente do próprio discente, do seu real interesse em se desenvolver, do “querer-fazer” uma formação consciente, do estimulo a criação cultural, do desenvolvimento do espírito científico, do pensamento reflexivo, que estejam aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira.
Portanto estudar a produção do conhecimento do Curso de Pedagogia ministrado pela Faculdade do Sertão e, compreendendo que este objeto de pesquisa representa um processo em constante movimento, optou-se por abordar esta realidade observando e descrevendo as múltiplas relações que determinam o cotidiano do curso na Faculdade do Sertão.
OBJETIVOS
Objetivo geral
Verificar junto aos discentes do Curso de Pedagogia se a gama de conhecimentos teórico/práticos e metodológicos internalizados pelos profissionais aprendentes no cotidiano da Faculdade do Sertão, dá estímulos para que continuem em sua profissão, buscando com isso uma formação continuada.
Objetivos específicos
Verificar se no curso de Pedagogia da Faculdade do Sertão há dificuldades em assimilar conhecimentos e competências como valor de educação.
Verificar se a importância, a necessidade e as características na formação do pedagogo já estão amplamente analisadas na pedagogia atual.
Verificar se os professores estão interessados em somente cumprir o que determina a Lei 9.394/96, ou em serem aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade, direcionando-a a uma visão que requer uma maior explicitação de sua função de educador e dos possíveis rumos de sua formação.
HIPÓTESES DA PESQUISA
O curso de pedagogia da Faculdade do Sertão pode ser considerado como um canal de mudança do perfil profissional relacionado à prática educativa.
A base teórico/prática do curso possibilita a busca constante sobre novos conhecimentos, como forma de reflexão da prática educativa, delineando novos caminhos de aproximação entre teorias e prática no meio educacional.
O diploma que representava o passaporte para os próximos anos deixa de ser suficiente, quando se busca uma formação que apenas contemple os aspectos legais da titulação.
No curso oferecido buscam-se caminhos e doutrinas diferentes sobre a melhor forma e os métodos e ideais para transmitir o conhecimento aos estudantes, no intuito de diminuir a enorme distância entre a formação universitária e a realidade das escolas;
O ser humano é um eterno aprendiz e a sua formação não termina quando se conclui o Ensino Fundamental, nem o Médio, e tão pouco o nível Superior. Para Marques (1992, p.50),
"As complexidades do exercício das profissões no mundo atual exigem processos de formação explícitos e formais, em que se condensem, sistematizem e generalizem competências comunicativas e habilidades cognitivas e instrumentais, desde o ensino fundamental".
O bom profissional é aquele indivíduo que aprende continuamente, não ficando estacionado no tempo, sendo que, o que aprendeu não é suficiente para poder afirmar que não necessitará adquirir novos conhecimentos e novas competências para exercer a sua profissão. A esse respeito Oliveira (1994, p.207) diz que é “precária, inadequada e insuficiente a formação profissional que os alunos estão recebendo e principalmente a realidade vivenciada por alunos e professores em sala de aula”, portanto manter-se atualizado sobre novas metodologias de ensino e desenvolver práticas pedagógicas mais eficientes são alguns dos principais desafios da profissão de educador.
Para Demo (1997, p.45) “... educação é um processo essencialmente formativo, no sentido reconstrutivo humano, não algo da ordem de mero treinamento, ensino, instrução (...) formação toma o aluno como ponto de partida e de chegada.”
Concluir o Magistério ou a Licenciatura é apenas uma das etapas do longo processo de capacitação que não pode ser interrompida, porém, a bagagem teórica terá pouca utilidade se o profissional não fizer uma reflexão sobre sua vida tanto como aluno, como profissional.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira nr. 9.394 de 20 de dezembro de 1996, no seu artigo 87, inciso 4º. das Disposições Transitórias, diz que: “Até o fim da Década da Educação somente serão admitidos professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço”, portanto a partir de 2007, só serão admitidos profissionais com habilitação para tal fim.
Como a Lei diz que, todo professor em todos os níveis de ensino precisam estar atualizado, ou seja, com no mínimo um curso superior em sua bagagem profissional, a corrida desenfreada por cursos de nível superior está deixando a maioria dos professores confusos. Esse mesmo governo que não propicia uma formação de boa qualidade, autorizando faculdades e mais faculdades a operarem o ensino superior sem um mínimo de decência.
O sistema educacional pode contribuir para o desenvolvimento do sistema econômico, quer produzindo novos conhecimentos, idéias, elevando o nível educacional da população, ou ainda, desenvolvendo os recursos humanos com a qualificação reclamada por esse sistema econômico. Paro (1992, p.50) afirma que "As principais contribuições que o sistema educacional pode prestar à economia de um país, em seu processo de desenvolvimento, relacionando-se com as transformações qualitativas que costumam ocorrer em todos os setores da atividade econômica e social durante este processo".
O que o professor necessita realmente são de cursos que promovam o aprendizado de forma coerente com que a população exige e deseja para ela e para os seus filhos. Antunes (2002, p.94) em uma de suas varias contribuições para o setor educativo diz que: “A verdadeira educação não pode se eximir de sua responsabilidade legal, mas não pode aceitar a tirania de critérios construídos em cenários distantes da realidade das salas de aula.
Observa-se que o processo de formação sofreu mudanças no decorrer do tempo, de acordo com as necessidades do mundo atual, e é neste mundo “globalizado” que se exerce o ofício em contextos, os mais diversos possíveis e inimagináveis, diante de públicos que mudam constantemente, em referência a programas repensados, supostamente baseados em novas abordagens e novos paradigmas. Silva (1992, p.50), posicionando-se ao aspecto político da educação diz categoricamente que, "A formação da consciência no contexto de uma educação inserida na prática política é o objetivo primordial da formação do educador, ainda que esteja claro que essa consciência só possa se formar e se sustentar através de determinadas bases da prática pedagógica e da prática política".
A educação tem papel fundamental nessa transição da natureza humana, do mundo e da própria existência. A restauração da unidade, da integração e do conhecimento só ocorrerá quando os valores humanos e espirituais fizerem parte do contexto educacional, equilibrando o desenvolvimento da inteligência e do saber com a educação dos sentimentos para a descoberta do ser integral. Silva (1992, p.60) diz que “... a atividade educativa é uma atividade profissional que se caracteriza (...) pela especificidade de sua prática, que exige um conhecimento específico, (...), sobretudo pela relação e pelo papel que tem no desenvolvimento social.”
No aspecto relacionado ao cotidiano escolar, Magalhães (2003, p.29) confirma o seguinte
"...muitos se deixam contagiar pelo comodismo, enquanto alguns (...) buscam conhecer melhor seus aprendentes, buscam formas de envolvê-los no processo, sem receio de também se envolverem (...) e quem ensina também pode aprender, onde existe a possibilidade, em dados momentos, da mera observação, de estar apenas participando de processo e deixar que as iniciativas aflorem".
E para assumir a sublime tarefa de educar, Silva (1992, p.14) fala queb "(...) o educador deve ser preparado para atuar como intelectual dirigente, marcado pela consciência política, capaz de pensar criticamente a realidade e se manter vinculado à classe trabalhadora, comprometido com a luta política e com o esforço de ajudá-la a também pensar criticamente essa realidade e a se manter organicamente coesa".
Todavia Berbel (1998, p.23) tem sua posição formada quanto à formação docente, quando questiona: “Como vão participar compromissadamente da solução dos problemas sociais, regionais ou nacionais, os profissionais de nível Superior que não tiveram um mínimo de preparação em seu tempo de formação?” Com relação a esta questão formulada a mesma autora confirma sua posição ao descrever, "Essas questões requerem (...) uma resposta pedagógica, de revisão cultural do papel do professor universitário ao contribuir para o cumprimento de funções da universidade e uma resposta de reflexão crítica e intervenção sobre essa realidade observada e vivida em nossa sociedade".
Portando é de se esperar que a Faculdade faça com que seus discentes estejam aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, colaborando na sua formação contínua, bem como suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos através desta formação.
Paro (1983, p.41) diz que “existe um grande número de instituições com as quais o sistema produtivo tem contado para a formação e o aperfeiçoamento dos profissionais de que necessita”, todavia ocorre que "Para serem aprendidos, estes conteúdos teóricos, bem como os conhecimentos e princípios gerais, precisam ser apresentados de maneira sistematizada e coerente, através de organização didática que apenas no interior das instituições educacionais pode ser adequadamente desenvolvida".
O que se pode afirmar é que só existirá uma boa formação se o próprio profissional de educação buscar todos os meios disponíveis para mudar a sua prática tanto como aprendente como ensinante.
METODOLOGIA
Pesquisar como o profissional de educação concilia a sua própria formação é uma tarefa difícil, porém necessária para um trabalho de verificação de como se desenvolve essa “formação” na atualidade.
A pesquisa de campo será realizada através da aplicação de questionários junto aos discentes das turmas 2003.2, 2004.1, 2004.2, 2005.1, 2005.2 e 2006.1, para uma posterior tabulação das mesmas. Serão formuladas questões relacionadas ao Curso de Pedagogia ministrado na Faculdade do Sertão com relação às suas práticas diárias e quanto às expectativas deste curso.
O questionário terá como público alvo os profissionais que estejam trabalhando em áreas como docência e coordenação pedagógica.
CONTEXTO E PARTICIPANTES
Para a coleta de dados foi escolhida a Faculdade do Sertão na cidade de Irecê (BA) com todos os discentes do curso de Pedagogia, em todos os semestres, a partir da turma 2003.2, sendo esse universo somente de discentes que estão exercendo a profissão de docente e/ou coordenador pedagógico.
Etapas de desenvolvimento da pesquisa:
Primeiramente será feito o levantamento junto às turmas do Curso de Pedagogia da Faculdade do Sertão, em todos os semestres, onde verificar-se-á a quantidade de discentes que estão atuando na área educacional, (áreas de docência e coordenação) para em uma etapa posterior ser elaborado/aplicado o questionário.
No questionário a ser aplicado deixar-se-á em aberto a opção do graduando de registrar ou não o seu nome. Essa opção visa não inibi-lo da hora de responder ao questionário.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Celso. As inteligências múltiplas e seus estímulos. Campinas, SP: Papirus; 1998.
_______________. Marinheiros e professores II: diálogos surrealistas. Petrópolis, RJ: Vozes;2002.
BERBEL, Neusi A. Navas (Org). Metodologia da problematização: Experiências com questões de Ensino Superior. Londrina, PR: UEL; 1998.
CARVALHO, Anna Maria Pessoa de. Prática de ensino: os estágios na formação do professor. São Paulo: Pioneira; 1985.
DEMO, Pedro. A nova LDB: ranços e avanços. Campinas, SP: Papirus, 1997 (Coleção Magistério. Formação e Trabalho Pedagógico).
MALANGA, Eliana Branco. (Org.). Psicopedagogia e semiologia: uma interdisciplinaridade produtiva. São Paulo: Memnon; 2003.
MARQUES, Mario Osório. A formação do profissional da educação. Ijuí, RS: Unijuí; 1992.
NÒVOA, Antonio. Os professores e a sua formação. Lisboa: Coleção Nova Enciclopédia, 1992.
PARO, Vitor Henrique. Escola e formação profissional. São Paulo: Cultrix, 1983.
OLIVEIRA, Ana Cristina Baptistella de. Qual a sua formação, professor? Campinas, SP: Papirus, 1994. (Coleção magistério. Formação e trabalho pedagógico)
SILVA, Jefferson Ildefonso da. Formação do educador e educação política. São Paulo: Cortez. Autores associados, 1992.
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